+44(0) 1234 567 890 info@domainname.com

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Minha 1° vez num Centro de Umbanda

09:43

Share it Please
Bom, esqueci de falar ontem que jogando as cartas com Leonardo, perguntei se ele poderia me dizer meu orixá, ele disse que não... Mais, logo após a consulta ele me falou pouco sobre o Oxalá. Como eu queria saber o meu Orixá, ele sem pensar me pediu que pesquisasse sobre Oxalá. E até me emprestou algumas revistas sobre umbanda e candomblé que falava um pouco a respeito dos orixás e entidades da umbanda.

Chegou o dia!!! 
Chego no Centro acompanhado do Pai de Santo, o Leonardo, sua esposa Aleandra e o Francivaldo.
Não sabia que o rapaz que leu as cartas para mim era pai de santo e também pensei que o Centro que ele se referia era dos Pais dele, e não dele.
Ele (Leonardo) era um rapaz alegre, disposto e que passava  firmeza em suas palavras.
Chegando lá à direita observo que há uma casinha com um ponto riscado enfiado no chão tipo um tridente  └┼┘ (me animei, porque naquela época já tinha uma tendência a gostar dos Exús e as Pombo Giras.

Mais à frente tinha duas pessoas vestidas de branco conversavam alegremente, a Dona Rosa (nome fictício) (que cumprimentava alegremente todos) menos uma pessoa que estava com ela que não estava com bom humor e aparentemente estava com problema na família, a Cassia (nome fictício).

Chega o Leonardo e se aproxima da Cássia, preocupadamente perguntado o estado de saúde de alguém e ela tristemente responde balanceando a mão como se quisesse responder: Mais ou Menos!!

A sensação, a princípio, era boa. Perguntei para uma moça (Ione *nome fictício) se eu podia entrar, ela disse que sim mais que eu tinha que ficar descalço, e eu sem pensar duas vezes tirei o tênis.

Depois veio uma moça muito simpática, que tinha uma tom de voz firme e mandona (aqui vou chamar de Alessandra), dizendo que o pai de santo estava perguntando se eu iria participar da gira e que se eu fosse participar eu teria que tomar um banho de ervas (tradição da casa sob os comandos do Caboclo Ubirajara).
Ela me leva ao banheiro e me diz como devo prosseguir com o banho, que seria de pescoço para baixo... E ela me pediu que após o banho eu fizesse uma oração de minha escolha. Eu rezei uma Ave Maria.

Sem eu gostar muito da ideia topei. Pos, eu achava desnecessário o banho, mais após o banho senti que ele fazia parte de toda a pratica, de todo o ritual, e notei que o banho me deu sono. Após o banho senti vontade de ir embora... Não compreendo até hoje.

Algo martelava na minha cabeça, eu ouvia meu consciente dizer: O que diabos tô fazendo aqui!!
Mais ao mesmo tempo meu consciente também me segurava naquele lugar, e eu procurei manter a calma.
E aos poucos fui vendo que muitos se vestiam de branco.
De repente, entra no terreiro esse rapaz jovem, o Leonardo (Pai de Santo).
 Seu porte transmitia segurança. Ele conversava com todos e ria bastante.

Aquele rapaz chamado Leonardo, da boas vindas agradecendo a presença de todos. Fez um pequeno discurso dissertativo sobre o que era um Preto Velho e o que se devia entender sobre os mesmos. Achei importantíssima aquelas palavras. VI naquele jovem o amadurecimento e a segurança dos mais velhos. Mas também vi o amor e a alegria das crianças no coração dele.

Depois ele começou a fazer algumas reclamações que eu não entendia, afinal era o meu primeiro dia no centro. As reclamações não eram apontadas a dedo quem estava errado e/ou certo e sim eram reclamações por alto que cada um que tivesse consciência deveria se tocar.

Posteriormente as informações que ele nos passou sobre os Pretos Velhos que seria a principal entidade que ali ia se apresentar naquele dia ele começa a defumar todo o salão.
Eu pensei comigo: "Pelo jeito, está chegando a hora da gira".

Começam a entoar um cântico de defumação: "Defuma com as ervas da Jurema. Defuma!!..." Tive uma sensação gostosa, uma paz muito grande acercou-se de mim. 
Assim que terminou de defumar, ele disse: "Adorei as Almas!".

Depois, cantaram um ponto para cada orixá de sustentação do centro: primeiro, Oxalá; depois, Iemanjá; depois cantaram pra Ogum.

Uma energia muito grande começou a tomar conta do ambiente. Depois eles cantaram alegremente para os Pretos Velhos.
Já se sentia uma energia contagiante, os pelos ouriçados, uma alegria indisfarçável. Mas o melhor estava por vir...
E o atabaque, começou a tocar. Primeiro, veio Pai Joaquim que me disse estas palavras: "-Mais ante agora do que nunca não é meu filho?"; logo em seguida, Pai João.

Aliás, é necessário frisar uma coisa: não há diferenças dos dirigentes para os outros médiuns da casa. Todos trabalhavam da mesma forma, não há roupas diferentes e nem vaidades. O exemplo dos dirigentes é de humildade.
Pois bem, assim que cantaram para Preto Velho, uma senhora chamada Maria (nome fictício) incorporou Vovó das Cachoeiras ela me disse essas palavras: "-Você tem que amar!!". Incrivelmente ela me falou isso como se soubesse de uma jura que eu tinha feito a alguns tempos atrás que não iria gostar de ninguém.

Ela me falou isso, naquela hora eu senti vontade de chorar, ela me abraçou. Eu senti um conforto muito grande em seus braços e fiquei com um nó na garganta, parece que ela estava comigo, não sei explicar direito.... Mais me segurei o bastante.

Ela me deu um passe e voltei para o meu lugar...
Nunca vi tanta alegria e animação. O atabaque estava afinadíssimo com a cúpula espiritual.

Os médiuns que não estavam incorporados, cantavam e dançavam alegremente.
Cada pessoa saia e conversavam com as entidades, mas sem tumulto. O ambiente era de confraternização.
Assim que terminaram, para nossa tristeza, cantaram para eles "subirem"... "Adeus Vovô de Fé quando precisar eu chamo..." Eles saudaram a todos nós e se foram com cautela e doutrina...

Quando pensei que havia acabado, o dirigente disse: Salve o Povo do Maranhão, naquela hora eu não entendi o que ia se apresentar ali... Mais sim!! Eram entidades do Maranhão. Começava-se uma segunda etapa da gira, agora é do Sr. Légua Boji Buá, uma entidade que faz uma ponte aérea entre o Codó-MA e o terreiro, eles são conhecidos lá como os Encantados. Ah, como eu gostei deles! E eles desceram rapidamente, e bradando e dançando como se estivessem numa festa no Maranhão trazendo a energia de lá.

Envergonhado, dancei um pouco com uma entidade chamada Tereza Légua. Depois veio uma entidade meia má humorada, Nego Gerson Feiticeiro, ele gostava muito de beber e dançar, falava a mais absoluta verdade. E não conversou muito comigo, ele tinha um jeito meio pá virada, roceiro, voz firme e aparentava um senhor muito zangado, impaciente e que gostava muito de ser exaltado como um Grande Feiticeiro Codoense.
Ele tinha uma aparência velha, mais passava uma energia boa, ele aparentava-se um velho cangaceiro maranhense. E entoavam-se no salão cânticos bem quimbandeiros e roceiros com apologia a feitiçarias e macumbarias em geral. Isso parecia agradar a Nego Gerson.

Chega a hora do ...Canto final: "Mais um abraço dado, de bom coração, é mais do que uma bênção, é uma bênça é uma benção"...

Gostei muito de vê-los trabalhando, achei super interessante.
Cheguei por volta das 12:40 e saí às 18 horas fiquei alegre por ter visto um centro que deixava a cargo das entidades espirituais a condução dos trabalhos, sem vaidade dos dirigentes, sem hierarquia enrijecida, como os médiuns abraçando-se, conversando, vendo que se sentiam felizes por ali estarem.

Essa foi a Primeira Gira de Umbanda que participei!!!

Depois vou relatar mais coisas...

0 comentários:

Postar um comentário

Obrigado por comentar neste Blog/Diário!
Ass: KaYo